RESUMO
Introdução: Cozinhar em casa pode promover uma alimentação mais saudável. Porém, uma possível redução na transmissão de conhecimentos e habilidades culinárias parece prejudicar a confiança e a autonomia dos jovens para preparar as refeições. Para informar o desenvolvimento de iniciativas que apoiem os jovens adultos a superar as barreiras para cozinhar e melhorar a qualidade da dieta, é importante investigar o processo de socialização culinária no contexto de seu próprio curso de vida. Objetivo: Este estudo qualitativo teve como objetivo explorar como jovens adultos que têm o hábito de cozinhar percebem seu envolvimento com essa prática e identificar quais agentes socializadores culinários fizeram parte de seu processo de aprendizagem. Método: Entrevistas abertas baseadas na abordagem da perspectiva do curso de vida foram realizadas com adultos jovens brasileiros de 19 a 24 anos de ambos os sexos e analisadas tematicamente. Resultados: As percepções sobre cozinhar e sobre aprender a cozinhar levaram à criação de seis temas: (1) "Cuidar de mim"; (2) "Sentimentos (des)agradáveis"; (3) "Promover o convívio"; (4) "Preocupação com os resultados"; (5) "Habilidades necessárias"; e (6) "Agentes de socialização". Conclusões: As iniciativas para permitir que os adultos jovens superem as barreiras para cozinhar e potencialmente melhorar a qualidade da dieta precisam se concentrar não apenas no desenvolvimento prático de habilidades culinárias, mas também em habilidades, como planejamento. Também é importante fomentar mensagens positivas envolvendo autocuidado, prazer e convívio. Formas de usar a internet e as mídias sociais para engajar essa população a cozinhar mais merecem ser mais bem exploradas.
Introduction: Cooking at home is conducive to better diet quality and can help improve health. Nevertheless, the reduced transmission of culinary knowledge and skills worldwide hinders young adults' confidence and autonomy to prepare meals. To inform the development of initiatives that support young adults to overcome barriers to cook and improve their diet quality, it is important to investigate the process of culinary socialization in the context of their own life course. Objective: This qualitative study aimed to explore how young adults who cook perceive their involvement with this practice and to identify which culinary socializing agents were part of their learning process. Method: Open interviews based on the life-course perspective approach were conducted with male and female Brazilian young adults aged 19-24 years-old and thematically analysed. Results: Perceptions about cooking and about learning how to cook led to the creation of six themes: (1) "Caring about myself"; (2) "(Un)pleasant feelings"; (3) "Promoting conviviality"; (4) "Worrying about outcomes"; (5) "Skills needed"; and (6) "Socializing agents". Conclusions: Initiatives to enable young adults overcoming barriers to cook and potentially improve their diet quality need to focus not only on practical cooking skills development, but also on planning. Also important is to foster positive messages involving self-care, pleasure, and conviviality. Ways of using the internet and social media to engage this population to cook more deserves to be further explored.